Friday, April 23, 2010

O céu da minha boca


Ei povo! Nasceu um dentinho...
Poderia dizer - poeticamente -
"um dentinho no céu de minha boca"
Mas não sei se foi no céu.

Talvez tenha sido no purgatório...

Mas para meu sorriso,
o tal de siso...
Seria para o mundo ilusório
ou o tal de paraíso?

Olha só, ei povo!
O fato é que é isso:
Em mim nasceu um dentinho

E ele é lindo!
E ele é meu!

E faz parte de meu céu

Existente.
ou de meu purgatório

Vivente...

É apenas um dentinho...
Mas é tão meu...
E tão bonitinho...

FOTOS ANTIGAS

Seu desenho no registro
Do pensamento...
Faz tempo...
E é por isto...

Não há registro.
Não há tempo.
Talvez (e apenas) pensamento.

(Adriana Luz - 23 de abril de 2010)

*
*

ISADORA

Seu riso, seu jeito, sua face...
Os olhos, que esperam...
[(Um sinal? Um sim?)]
A cada dia... segundo, minuto
Dois brilhos fixos em mim...

A vida desmorona.

E de repente eles (os olhos) sorriem...
E o mundo se refaz...

Que lindo é o segundo
Que tem um mundo
Tão meu e seu...

(E só meu e seu)


(Adriana Luz)

Publicado no Recanto das Letras em 12/12/2009
Código do texto: T1974882

Sobre amores e amizades...

Já escrevi várias vezes sobre relacionamentos. E sobre quando eles se desfazem. Acho triste. Muito triste. Não, caro leitor invisível, e anônimo, e inexistente. Não terminei nenhum relacionamento. Pelo menos não nos últimos milésimos de segundos... rs. O que acontece é que vira e mexe eu leio, ouço ou vejo algo que me entristece.

Tristeza alheia, sabe? Pois é. Sinto muito quando vejo pessoas que antes eram unidas, compartilhavam das mesmas idéias, movimentos, celebrações... assim... sem se falarem, ou se falando “socialmente”.

Quando um amor (ou uma amizade) acaba, muitos diriam que foi porque nunca existiu tal sentimento. Será? É possível que as pessoas passem anos, décadas juntos fingindo se amarem? Não imagino isso. Tenho certeza de que por aquele período em que estiveram juntos, o sentimento era verdadeiro. Nem que tenha sido por interesse. Aliás, por falar em interesse, não existe relação sem interesse. Mesmo que este seja apenas o bem estar pessoal. Ou alguém fica com alguém pensando em ser infeliz, triste, fracassado? Claro que não. Quando procuramos estar com alguém, queremos ser felizes, ter prazer, amansar o coração, a alma, sei lá. Mas o fato é esse. E não há problema algum nisso. O problema é quando esse interesse passa a destruir a vida do outro. E eu acho que é aqui onde começa a acabar um relacionamento.

Ciúme excessivo, por exemplo, acaba com qualquer vida em comum. Aquela coisa de você é meu (seus olhos, boca, nariz, braços, pensamentos, sonhos e tudo o mais), é sufocante. Mesmo na amizade. E existe amizade assim, em que o outro não pode ter novos amigos. Em que o outro não pode mudar de emprego. Em que o outro não pode nem dar uma voltinha ou fazer uma reuniãozinha sem que o amigo seja convidado ou avisado sobre o fato. Ele (o amigo) “tem” de saber com quem você anda, o que você come, com quem se relaciona. E ai de você se não contar. É horrível isso.

Outra coisa pior ainda: “se eu tenho outro amigo, este (outro amigo) TEM de ser seu amigo também”.

Pode uma coisa dessa?

E ai do outro amigo se não quiser ser seu amigo.

“Se não for seu amigo, não pode ser meu também!”

E aí as fofocas, os disses me disses, as armadilhas, cobranças... Enfim... Aliás, se é uma coisa que me tira do sério é cobrança. “Por que não me ligou”? “Por que não me convidou?” “Por que não me apresentou?” “Por que não veio?” “Por que não foi?” Por que, por que e por que... Rapaz...

Bom, eu estava escrevendo sobre minha tristeza, mas acho que esse texto está mais parecendo um desabafo... haha... O que eu quero, na verdade, registrar é que, se houvesse respeito, tudo seria diferente. E quando eu falo respeito, eu estou me referindo a tudo, a opiniões, pensamentos, estilo de vida, posturas, gostos, decisões... inclusive respeito próprio (ou amor próprio, como queira).

Não fui convidada? Ok. Meu (minha) amigo (a) teve suas razões. Eu não vou morrer por isso. O amigo dela não é meu amigo? Ok. Tenho tantos, ou suficiente, que este, com certeza, não fará falta. E nem por isso, vou cobrar, fazer da vida do meu amigo um inferno. Ele é meu amigo e sempre será, independentemente, das suas outras companhias. E por falar em companhias, às vezes seu amigo tem companhias ou vai a lugares que não lhe agradam. E nem por isso, você é obrigado a acompanhá-lo. É só dizer que não gosta e pronto. Simples. É possível separar perfeitamente os estilos de vida.

Em relação ao amor é mais complicado, mesmo assim, é também possível separar as amizades, os colegas de trabalho, e até familiares, sem que isto interfira na relação. Mas se estiver interferindo, então está na hora de decidir entre o que é mais importante...

Mas, em geral, é só pensar que a pessoa que está ao nosso lado é um, e nós, outro. Cada qual com a sua história. E somente (SOMENTE) quando estamos juntos, somos um só (costurados, amarrados, atados, sei lá... rs), tentando construir uma outra história. Particular. Única. E, quem sabe, para sempre... É isso!

E sobre minha tristeza? Bem, continuo achando relacionamentos desfeitos algo muito triste. Muito mesmo.

(Adriana Luz)
*
*

Uma historia de Natal



*

Certo. Você tem razão. Não é época de Natal ainda. Se bem que eu andei vendo uma ou duas propagandas de Natal por aí... enfim.... Lembrei-me agora de uma cena bizarra (como diriam meus alunos)... O dia em que eu tive a certeza de que Papai Noel não existia...

A família toda reunida... aqueles cheiros e sons típicos da época e tal... e eu só pensando no meu presente... Será que, enfim, eu ganharia aquilo que eu havia pedido? Papai Noel não estava sendo justo comigo há anos... Eu, sempre uma boa menina, delicada, gentil, boa filha... jamais ganhava o que eu pensava que ganharia...Pedia brinquedos, viagens, “um pai de verdade” – e meus presentes eram sempre “as roupas da moda” – segundo algumas tias; o “sapato do verão” segundo outras... e pior, “a camisola de viagem”, segundo minha mãe...

Nossa, essa coisa da camisola era incrível.. Mas isso é outra história. Por ora, quero me lembrar do “ferro de passar roupa” que ganhei naquele Natal.

Sacanagem... Como pode, em sã consciência, um ser adulto dar a uma criança, um ferro de passar como presente de Natal? Não pode uma coisa dessa!!!
Pois é... Comigo pode!!!

Estávamos todos reunidos - a primaiada – na sala esperando algo acontecer, quando, de repente, tocaram a campainha. Uma voz – sei lá de quem – gritou: “É o Papai Noel!” ... Pensem num bando de crianças correndo feito loucas...

Pois bem... Quando abriram a porta, vislumbrei o paraíso. Uma montanha de brinquedos embrulhados com papel vermelho-maçã... Alguns tinham laçarote dourado... Era o céu!! Naquele instante acreditei em tudo... anjos, santos e, claro, no Papai Noel...

Meu dia havia chegado, minha vida iria mudar, eu ganharia um presente que jamais alguém havia ganhado, seria o máximo, seria tudo!

E... não foi nada disso. No pacote vermelho-maçã – sem laçarote dourado – havia um nome “ Adriana”. Peguei o pacote, ainda apreensiva e... Era o tal ferro de passar roupa... (de plástico!)... Fiquei alguns segundos sem entender aquela cena... até que pensei: isso é inédito!! Jamais alguém ganhou um ferro de passar roupa como presente de Natal!!! E abri um largo sorriso!!! Arrá! Sou a maioral. Tenho um ferro de passar!!!!. Uhhu!!!

Olhei em volta. E vi, na mão de várias primas, presentes iguaizinhos àquele ferro imbecil!!

Putz! O que fazer agora? Várias primas tinham um presente como o meu? Vamos pensar!!! Hum... Já sei! Pelo menos não estou sozinha nesse caos natalino – pensei...

Mas – ledo engano – meu pensamento não durou nem três minutos.

Logo vi que as mesmas pessoas que haviam ganhado o tal ferro, também haviam ganhado outra coisa, melhor, outros brinquedos.... E eu? Nada mais... “Você já ganhou roupas da moda , sapatos do verão.. etc etc...”

Hum... Então, tá. Feliz Natal pra você também, Papai Noel! Fazer o quê...


(Adriana Luz - 31 de outubro de 2009)
*
*

MUNDO DE MÃE

****
Um cheiro, um beijo
E seu riso...
Chego a pensar: o mundo de uma mãe
é sempre o paraíso...

(Adriana Luz)

Ás vezes fora do ar...

Tá.. De vez em quando, meu site (adrianaluz.com) sai do ar, eu sei... Por esse motivo, e por diversos pedidos, sei que preciso retomar meus escritos em blogs ou sites pela web afora... Mas confesso, não tenho paciência...

Então, hoje, depois de alguns emails, resolvi copiar alguns textos meus que publiquei em algum lugar: sites, livros, periódicos, folhetos, sei lá mais onde... De qualquer maneira, vou copiar e publicar aqui.

Não são textos inéditos, eu sei, mesmo porque estou dizendo: já publiquei em algum lugar. Mas são inéditos aqui, nesse blog adormecido quase eternamente, e que de vez em quando desperta para algo que nem sabe o porquê... (Queria tanto adormecer e acordar assim.............)

Enfim, aí vão eles (meus textos.........)


*********************
Entre nervos, risos e lágrimas...


*
*
Minha mãe é uma pessoa muito chorona... Aliás, as pessoas da minha família (leia-se parentes próximos) são quase todas sensíveis ao extremo, choronas mesmo. E eu, claro, não poderia fugir à regra. E já passei ou paguei vários micos por causa disso. Uma vez, por exemplo, não estava muito satisfeita com uns acontecimentos no trabalho, tomei coragem e fui falar com meu chefe. Claro que o choro estava ali, na ponta da garganta, para explodir, mas eu estava tentando me controlar... Até que, de repente, meu chefe, percebendo meu estado quase deplorável, disse a palavra mágica (que destrava a trava do choro ou de qualquer sentimento que esteja à porta do meu ser). Ele disse “calma”... E disse isso, cavalheirescamente, oferecendo-me uma caixa de lenços descartáveis! Imagine! Foi o mesmo que dizer: “desabe”! Só faltou me oferecer os ombros... (E então seria o caos, porque naquela situação, eu teria mesmo chorado em seus ombros... oh céus!)... E ali mesmo, eu desabei (molhando a mesa dele, a minha roupa e gastando todos os lenços da caixa!)... Lágrimas e mais lágrimas na frente de um chefe perplexo que tentava ser condescendente...

O pior é que cenas como essas tendem a ser piores quando a gente tenta se controlar e só o que conseguimos são algumas palavras entrecortadas, soluços cada vez mais altos e um nariz ridículo, inconveniente, que resolve também se derreter... (Aiii, porcaria de rinite!). Toda vez que me lembro disso, tenho vontade de morrer.

Bom, mas como eu ia dizendo, minha mãe é muito chorona, e eu já a vi chorar várias vezes, desde que me conheço por protótipo de gente. Mas eu não me lembro de tê-la visto chorar de alegria, nenhuma vez... E confesso que eu, ao longo dos meus três séculos de existência, chorei pouquíssimas vezes por alegria... Foram tão raras as vezes, que me lembro perfeitamente dos motivos... Qualquer dia enumero um por um...

Mas hoje eu quero registrar um desses choros que tive, tão descontrolado quanto o que tive em frente ao meu chefe... E esse... esse tinha um sabor diferente... Era daqueles choros que precisam existir porque simplesmente as palavras são inúteis e jamais irão expressar a alegria, a gratidão, a surpresa, o enternecimento, o agradecimento, sei lá... E enquanto as lágrimas desciam, e meus olhos e ouvidos registravam o que eu via e ouvia, meu pensamento repetia, quase sem acreditar: “puxa, vida, e não é que Deus se lembrou de mim?”.

(...) Ao mesmo tempo, lembrava-me da Virgem Maria, tendo seu Menino Jesus, e me lembrava das outras vezes que eu havia passado por aquilo. Mas das outras vezes, apesar da semelhante alegria, eu estava entregue à anestesia... E então, tenho um ou outro lampejo da felicidade do momento... E das carinhas lindas que se apresentavam a mim... E desta vez não. Desta vez fiquei lúcida. Acordada. E completamente envolvida ao que me acontecia...

E foi assim que Isadora veio. Sei que não há palavras, papéis, caracteres ou seja lá o quê... para expressar o que eu gostaria sobre o momento que vivi naquele 30 de julho.

Mas eu preciso desse registro, até pra poder acreditar que – sim – o Criador ainda acredita em mim... E isso... Bem, isso é... (totalmente sem palavras)...

Bom... Talvez minha mãe tenha chorado de alegria algumas vezes em sua vida, talvez até quando meu irmão ou eu nascemos... Eu nunca perguntei. O fato é que eu nunca vi...

Por isso, quero registrar nesta tarde de primavera, enquanto olho para minha pequena Isadora e seu semblante sereno, que quando ela nasceu, eu chorei... e muito... E isso foi lindo... Maravilhoso... E pleno!

Obrigada, meu bem...

É isso!

(Adriana Luz – 25 de setembro de 2009)

*
*