_ Olha isso: "Quem é o que é, sabe o que quer..." E o que é???
_ Onde?
_ O outdoor do guaraná.
_ Não. Você leu errado. Não é "e o que é?" É "e o que é." Sem o ponto de interrogação.
_Óbvio que vi isso, né, fofo?. Mas eu é que tô perguntando: "e o que é?" Alguém, por acaso, sabe o que é?
_ Hum. Mas quem sabe o que é, sabe o que quer.
_ Sim, mas quem é que sabe o que é, meu bem?
_ Não sabe porque não aceita o que é.
_ Nada a ver.
_Oxente. Leia direito. "Quem sabe o que é, sabe o que quer. E o que é." É uma afirmação. Ou seja, a pessoa que sabe o que ela é, tem objetivo definido e aceita o que é, do jeito que ela é.
_ Isso eu entendi, e é a mensagem do comercial... Mas, é sério. Eu tô questionando outra coisa. Entenda: alguém, por acaso, sabe se definir de verdade?
_ Tem uma frase genial: "I am what I am, and that's all what I am!". Conhece?_ "I am what I am ...I am my own special creation..."
_ rs...
_ Glória Gaynor, baby...
_ Não, não tô falando da música. Eu estava falando do Popeye...
_ Sim, eu conheço a do Popeye também...
_ Pois é, é diferente da música. Olha só: "eu sou o que sou, e isso é tudo o que sou". Acho essa frase fantástica, porque se você observar, ela é de uma sabedoria incrível. Porque veja: se ele dissesse "eu sou", seria como se ele se colocasse no mesmo plano divino: EU SOU! Mas quem É, é Deus. Então, ele não se coloca como Deus.
_Hum.
_ E se ele dissesse "eu sou o que sou", seria pedantismo, egoísmo. Sabe aquela coisa de "sou o que sou e dane-se o outro"?
_Sim.
_Então. Mas ele não diz isso. Ele termina dizendo: " e isso é tudo o que sou". Ou seja, ele completa com uma conotação de humildade. Isso é tudo o que sou. E se sou apenas isso, por que me preocupar com o que esperam de mim?
_...
_ E há uma verdade incrível. Como se dissesse: "eu sou isso aqui que você está vendo, essa é minha verdade." Entende?
_ Hum.
_ E olhe, Adriana, é isso. Nós somos o que somos. E isso é tudo o que somos." É só aceitar.
_ É... eu sei..
Bom, essas bobagens filosóficas fazem parte de um diálogo de dois malucos andando pela orla, e pelas ruas e avenidas de Salvador, no final da tarde desta quarta-feira. Eu e meu amigo Luís Augusto. Talvez esse diálogo não faça sentido algum, talvez faça apenas algum sentido, talvez faça todos os sentidos ( e em todos os sentidos). Mas, independentemente dos sentidos, das conotações e das interpretações, neste momento, é o que veio em minha mente, num final de uma semana atribulada, confusa, cheia de acontecimentos (bons e ruins). Uma semana que foi o que foi. E isso foi tudo o que ela foi. E ponto.
(Quanto ao comercial do guaraná, ainda tenho minha dúvida: alguém sabe realmente dizer o que é?)
(Adriana Luz – entre o final do dia 10 e o início do dia 11 de agosto de 2007)