Friday, August 10, 2007

I am what I am?



_ Olha isso: "Quem é o que é, sabe o que quer..." E o que é???


_ Onde?


_ O outdoor do guaraná.


_ Não. Você leu errado. Não é "e o que é?" É "e o que é." Sem o ponto de interrogação.



_Óbvio que vi isso, né, fofo?. Mas eu é que tô perguntando: "e o que é?" Alguém, por acaso, sabe o que é?


_ Hum. Mas quem sabe o que é, sabe o que quer.


_ Sim, mas quem é que sabe o que é, meu bem?


_ Não sabe porque não aceita o que é.


_ Nada a ver.


_Oxente. Leia direito. "Quem sabe o que é, sabe o que quer. E o que é." É uma afirmação. Ou seja, a pessoa que sabe o que ela é, tem objetivo definido e aceita o que é, do jeito que ela é.


_ Isso eu entendi, e é a mensagem do comercial... Mas, é sério. Eu tô questionando outra coisa. Entenda: alguém, por acaso, sabe se definir de verdade?


_ Tem uma frase genial: "I am what I am, and that's all what I am!". Conhece?_ "I am what I am ...I am my own special creation..."


_ rs...
_ Glória Gaynor, baby...


_ Não, não tô falando da música. Eu estava falando do Popeye...


_ Sim, eu conheço a do Popeye também...



_ Pois é, é diferente da música. Olha só: "eu sou o que sou, e isso é tudo o que sou". Acho essa frase fantástica, porque se você observar, ela é de uma sabedoria incrível. Porque veja: se ele dissesse "eu sou", seria como se ele se colocasse no mesmo plano divino: EU SOU! Mas quem É, é Deus. Então, ele não se coloca como Deus.


_Hum.


_ E se ele dissesse "eu sou o que sou", seria pedantismo, egoísmo. Sabe aquela coisa de "sou o que sou e dane-se o outro"?


_Sim.


_Então. Mas ele não diz isso. Ele termina dizendo: " e isso é tudo o que sou". Ou seja, ele completa com uma conotação de humildade. Isso é tudo o que sou. E se sou apenas isso, por que me preocupar com o que esperam de mim?


_...


_ E há uma verdade incrível. Como se dissesse: "eu sou isso aqui que você está vendo, essa é minha verdade." Entende?


_ Hum.


_ E olhe, Adriana, é isso. Nós somos o que somos. E isso é tudo o que somos." É só aceitar.


_ É... eu sei..


Bom, essas bobagens filosóficas fazem parte de um diálogo de dois malucos andando pela orla, e pelas ruas e avenidas de Salvador, no final da tarde desta quarta-feira. Eu e meu amigo Luís Augusto. Talvez esse diálogo não faça sentido algum, talvez faça apenas algum sentido, talvez faça todos os sentidos ( e em todos os sentidos). Mas, independentemente dos sentidos, das conotações e das interpretações, neste momento, é o que veio em minha mente, num final de uma semana atribulada, confusa, cheia de acontecimentos (bons e ruins). Uma semana que foi o que foi. E isso foi tudo o que ela foi. E ponto.


(Quanto ao comercial do guaraná, ainda tenho minha dúvida: alguém sabe realmente dizer o que é?)


(Adriana Luz – entre o final do dia 10 e o início do dia 11 de agosto de 2007)








Tuesday, August 07, 2007

Criptonitas...

"Pai, o mundo é cheio de criptonitas. Se cuide." Li essa frase hoje de manhã, num outdoor, quando estava a caminho do trabalho. Na foto, uma menina, como um anjo, cuidando de seu pai...



A mensagem no outdoor é por causa do dia dos pais, no próximo Domingo. Mas, a mim, especialmente nesta manhã, soou como um recado de um anjo a qualquer ser humano e, mais que isso, um recado de meu anjo a mim mesma...



O mundo está cheio de criptonitas e, por mais que eu tente ser "super", elas estarão sempre atravessando meu caminho...



O que posso fazer? Pensar como Quintana e resolver ser um passarinho? Ou pedir que meu anjo não tire os olhos de mim, e me ajude a desviar das criptonitas da vida? Não sei, só sei que preciso de proteção. Por favor, "Alguém" olhe por mim. Amém.



(Adriana Luz – em 07/08/2007 – numa Terça-feira, em meio à chuva de criptonitas)

Monday, June 25, 2007

Marcas da infância

Eu nem sabia que São João era festa importante. Só sabia que era frio pra caramba, a gente usava uns três casacos de lã, luvas, touca... e em alguns casos, nem tirava o pijama com o qual dormíramos na noite anterior... simplesmente, ia enchendo de roupa "pra não pegar gripe" (era o que minha mãe dizia)...

Mas nessa época, minha mãe tinha a péssima mania de acordar cedo... (e de acordar todos da casa)...Quando não era minha mãe, era meu avô, que achava um absurdo uma pessoa continuar na cama depois das 8h da manhã...Em dias de semana (hoje) até entendo, afinal, eu sempre estudara no turno matutino. Então, de segunda à sexta eu tinha mesmo de acordar, no máximo, às seis da manhã...

Mas, e aos sábados e domingos?

Bom, aos sábados, eu era acordada sabe para quê? Para ir ao mercado... Incrível! Eu acho que passei a ser a responsável pelas compras de mercado aos oito anos de idade... Tá, pode ser exagero, mas posso jurar que aos 10 eu já fazia as compras da semana toda pra casa...E aos domingos? Acordavam-me para ir à missa... Detalhe: havia missa pela manhã e pela tarde (18h). Mas eu “tinha” de ir pela manhã. Como dizia minha mãe: “primeiro a obrigação, depois a diversão”.

Resumo da ópera: eu acordava cedo todos os dias da semana... Não havia escapatória...

Um frio de matar e minha mãe puxando os cobertores, abrindo as cortinas, as janelas... Fazendo o sol gelado entrar junto com o vento gelado no meu quarto mais gelado ainda... Perversidade...Eu me levantava, e esperava os dez minutos diários de espirros... Sim, por causa do jeito delicado que minha mãe me acordava, e sacudia os cobertores, minha rinite tomava conta de todo o meu ser. E eu ficava, sem brincadeira, uns dez minutos, sentada na cama, espirrando sem parar. Engraçado que ela dizia que sacudia cobertores e cortinas justamente pra não "ficar" pozinhos no meu quarto... (só depois quando eu já estava no auge da adolescência que Pedro Álvares Cabral descobriu o edredom, mas aí já é uma outra história)...

Bem, depois da sessão espirro, da sessão "limpeza bucal", na água congelante da pia do banheiro (naquela época não sei por que, mas fora os chuveiros, só havia água quente na torneira da pia da cozinha...)... Como eu ia dizendo, depois dos rituais matinais, eu tomava o café, enfiava goela abaixo os remédios pra gripe que minha mãe me obrigava a tomar, pingava descongestionante no nariz, e depois ia olhar o gramado, na esperança de que o pouco sol havia derretido o gelo da noite anterior...

Mas nada...

Tudo era branco... Gramado, telhado, bacias d’água... E algumas roupas que, esquecidas no varal, também estavam esbranquecidas, duras feito gelo...

Eu olhava minhas mãos... endurecidas, mesmo de luvas... a ponta do nariz gelada e vermelha, a rinite atacada, o vento cortante, os lábios rachados... Mas tudo bem... já que estava acordada e tinha um dia todo pela frente, lá ia eu pelas ruas,balançando a lista de compras e o cheque assinado (em branco!!! pelo meu avô)... brincando de escrever nas janelas de casa, nos vidros dos carros... fazendo desenhos no ar com a "fumaça" que saía da boca...

Depois que eu chegava do mercado, quase no final da manhã, eu vinha cheia de chocolates, iogurtes, pacotes de batatas-fritas, balas (claro, depois de tudo o que minha mãe fizera eu passar, eu tinha de ter alguma recompensa, não?... E então, ainda morrendo de frio (apesar das mil e duzentas blusas), ia tentar ver televisão embaixo de um cobertor e saborear minhas guloseimas... Mas aí o rapaz que trazia as compras chegava logo atrás e... pasme... minha mãe, enquanto ia descarregando as compras, ia descarregando palavrório em cima de minha pessoa...

Ela pegava o recibo que vinha junto com as compras e aí começava...

Era bronca porque eu havia comprado tanta “besteira que iria estragar meus dentes” e meu apetite, e que por isso eu era magricela e cheia de alergias... "Claro, só come besteira"...Depois ela emendava com as broncas porque o abacaxi estava verde, e que o coco não tinha água boa, e que a verdura estava murcha, e que a linha do “retrós” não era daquela cor e que o café não era daquela marca... Quantas vezes minha mãe me fez voltar ao mercado para trocar algum item que não estava de acordo com o que ela pedira... ai ai... até hoje me pergunto por que minha mãe não ia às compras, ela mesma... chuif... (acho que mereço indenização por exploração infantil)...

Meu avô chegava no meio da tarde de sábado, geralmente trazendo laranjas pra mim (pra menina não pegar gripe, dizia... A "menina" era eu...rs)... E trazia madeiras (sabe-se lá de onde) para fazer fogueira na frente de minha casa. E essas madeiras ficavam expostas no quintal até que alguém resolvesse acender a digníssima... Depois, ele ainda ficaria num ir e vir a tarde toda, ora trazendo, ora acompanhando alguém trazer engradados e mais engradados de bebidas, e quilos e mais quilos de carnes...

E minha mãe, uma pilha de nervos, sem saber o que fazer com tanta comida e onde colocar tanta bebida... Na verdade, acho que ela ficava era nervosa com tanta coisa para fazer, coitada, todo final de semana a casa cheia e ela responsável por tudo... Eu percebia o nervosismo de minha mãe e tratava logo de sumir, pra não sobrar pra mim...

No início da noite de sábado, chegavam meus tios, primos, vizinhos... Esse, para mim, era um dos momentos mais esperados de todos os meus sábados. Chegava a ficar horas parada à janela, aguardando o povo. E bastava um carro apontar na esquina que eu saía correndo e gritando feito louca: chegaram!!!! Eu nem sabia exatamente por que aquele povo todo estava lá em casa, mas sabia que era algo bom... E que eu e meus primos passaríamos um final de semana todo em volta de uma fogueira ou da churrasqueira comendo milho assado, espetinhos de carnes, batata-doce assada, canjica... ouvindo músicas, correndo, brincando, fazendo bagunça pela casa...

E que ficaríamos maravilhados com meu avô soltando rojões e outros tipos de fogos de artifício barulhentos...E era tanta brincadeira, tanta correria... E na euforia infantil, em êxtase mesmo, a gente chegava a sentir calor... E eu, com meus primos, naqueles nem sei quantos graus abaixo de zero, tirávamos as blusas de lã, os sapatos e corríamos pelo gramado congelante, só de camiseta e calça comprida...

Minha mãe, a essas alturas, à beira de um ataque epiléptico, mandando que eu colocasse blusa, mandando colocar remédio no nariz, passar "manteiga de cacau nos lábios...

Eu nem escutava... De longe, só ouvia uns murmúrios...vozes distantes, ora pedindo pra gente correr pra longe dos fogos, ora mandando a gente parar de correr, ora mandando a gente comer, ora mandando parar de comer, ora mandando brincar, ora mandando parar de brincar...Tudo muito difuso... Hoje imagino o que minha mãe passava... Mas naqueles instantes mágicos, "não parar" para escutar mãe fazia parte do "ritual do momento"...

Na minha cabeça de criança... nossa! Não haveria frio, nem nariz vermelho, nem lábios rachados, nem bronca ou reclamações de mãe, nem nada, nada que pudesse incomodar aquelas noites coloridas...Nem os resfriados constantes, ou as alergias das semanas posteriores...

Acordar cedo no dia seguinte? E daí?

Naqueles tempos... ah, naqueles tempos (frios) juninos, o que importava era o momento, era ser criança... e feliz!

(Adriana Luz - 25 de junho de 2007)

Thursday, June 07, 2007

Isso de vida própria...

Todo escritor (que se diz) costuma defender a tese de que em seu processo criativo, os personagens (criados por ele,obviamente) têm vida própria. Ou seja, eles (os personagens) é que comandam as mãos do escritor (que se diz).

Eu, como uma escritora (que me digo) também defendi essa tese por milênios. Mas estou pensando seriamente em mudar esse quadro. Não acho nada saudável um ser – criado – dominar o seu criador.

E também não acho nada confortável.

Onde já se viu, um personagem, nem bem saído das primeiras letrinhas, tomar as rédeas de sua existência e passar a infernizar a vida do escritor com a lei do livre arbítrio?

Comigo, inclusive, já aconteceu (e vive acontecendo) de eu mudar completamente o rumo de um texto ou de um personagem, sem nem eu mesma conseguir entender como isso se deu. Penso em escrever sobre as flores da estação e sai um texto sobre a bolsa que vi na vitrine. Em crise na bolsa e surge Chiclete com Banana. Em comercial de perfume e aparece crise no governo.

É... Não sei, só sei que foi assim...


Outro dia presenciei um desses embates. Um colega, companheiro de luta nessa arte de espancar teclados, às voltas com seu personagem. Este se recusava a fazer parte de uma história recém concebida.

O escritor (que se diz), empolgadíssimo, ávido por mudanças em todos os planos (de governo, de fuga, de tarifas zero...), tentava convencer seu personagem de que aquela não seria uma história qualquer. Aquela seria A HISTÓRIA – a que mudaria e resolveria todos os problemas da humanidade desde que o primeiro olhar de Adão deparou-se com a maçã de Eva (ou o olhar de Eva deparou-se com... enfim...).

Sim, o mundo seria dividido entre o antes e o depois de A HISTÓRIA.

Mas o embate prosseguia.

O escritor, empolgado! O personagem, estagnado. O escritor, ansioso. O personagem, imóvel. O escritor, agoniado. O personagem, impassível. O escritor, irritado. O personagem? Tsc. Quase um burro (marido da mula) empacado na beira de uma estrada! E esse foi o erro do escritor. Não deveria ter perdido o controle.
Essa frase comparativa dita a plenos pulmões mexeu deveras com os brios do personagem. Este, do nada, assumiu seu lado revolucionário e partiu pra guerrilha. Endureceu-se de verdade. Seu coração... nem quis saber do "sien perder la ternura" .

E passou a acusar o seu criador de abuso de poder, de invasão de privacidade, de desrespeito à liberdade de expressão, de tortura... a esfregar-lhe na cara que sabia muito bem os reais motivos para aquelas atitudes...

Sim. O personagem, ainda no processo embrional-mental do autor, presenciara tudo. O dia péssimo, a vontade que o escritor tivera (ao meio da tarde) de esganar meio mundo, de pedir demissão, de abandonar o lar, a família e... de fugir pro Nepal.

E assim, sem dó nem piedade, a criatura expunha todas as "podres e reais" intenções do pobre escritor.

E ainda dava-lhe de dedos!

Comigo não, chèrie - dizia! Nada de me usar para afogar suas mágoas ou tentar chegar ao topo de uma escada que não foi galgada (!) pela sua pessoa em anos de existência. Não admitirei ser usurpado por suas mãos (e pensamentos) egoístas!! E meu livre arbítrio, onde fica? Cadê os direitos humanos que não são respeitados nem na ficção? Cadê a Academia de Letras???? O Senado? O sindicato? A CUT? ... Enfim, cadê todo mundo? Olha que eu vou aos jornais, hein? E eu mesmo me publico! Aí quero ver a quem você irá explorar!!!

E assim seguia aquele bla bla bla sem fim...

O coitado do meu amigo, com uma mão na cabeça, a outra nas teclas de um computador adquirido na era jurássica, não sabia o que fazer.

Mas diante de tanto palavrório gritado bem fundo em sua mente, não havia outra alternativa a não ser libertar aquele protótipo de Che Guevara . E resolveu dar fim ao suplício. Libertou a criatura. E esta saiu por aí, livre, leve, solta e saltitante... ...

Quanto às idéias que ele tinha em mente, aquelas que resultariam em A HISTÓRIA... bom, estas foram por água abaixo! Sentindo-se um verdadeiro incompetente, recolheu-se à sua insignificância...

A vida própria daquele personagem acabara com a vida própria do escritor...

Adeus inspiração.

Muito triste isso.

(Adriana Luz – 06 de junho de 2007)

Sunday, June 03, 2007

Invasão de Privacidade

O que foi aquilo em seu olhar
alheio em minha vida
senão uma fotografia
sem registro
daquilo que sua mente fez
num instante
de relance
e captou sem nem perguntar
se o que acabara de ver
poderia ser enxergado??
O que foi aquilo em seu olhar
senão o registro
sob seu foco
de um eu que nem mesmo sei
se é substancial?
O que foi aquilo em seu olhar?
Um instante
Ou uma eternidade?

(Adriana Luz - 03 de junho de 2007)

Tuesday, April 10, 2007

Será uma vez...

A história que eu penso em pensar
E que eu gosto de prender
em minha respiração
de madrugadas insones
ou tardes molhadas
de fábulas encantadas
não aconteceu...
E eu a sinto tão perto
Tão atrelada a fatos que
(ainda) não vivi
que me pergunto...
Não estará ela a acontecer
em pulsações paralelas
ou subliminares
de outras histórias (que vivi)?
Em qual história será que será
o que tudo será?

(Adriana Luz – 09 de abril de 2007)

Sunday, March 25, 2007

Versão vienense do meu prazer


A versão vienense do meu prazer
Seria viver um poema
contínuo... com alguém que
me conheça.. de tal forma
que por me conhecer, saiba que
precisa me ignorar
para me entender

A versão vienense do meu prazer
Seria estar num poema
Contínuo ... com alguém que
me encontre.. de tal forma
que por me encontrar, saiba que
precisa me perder
para me avaliar

A versão vienense do meu prazer
Seria buscar um poema
Contínuo... com alguém que
me queira.. de tal forma
que por me querer, saiba que
precisa me deixar
para me reaver

A versão vienense do meu prazer
Seria realizar um poema
Contínuo...
não rotineiro... de tal forma
que me permita
várias versões
sobre todos os temas

E muito cinema....
E muito roteiro...
E muita valsa...
E muita viagem
E muita poesia..

E tudo isso talvez em Viena
Talvez em Paris
Ou quem sabe no fundo do mar
Em algum canto ainda por descobrir...

A minha versão vienense do prazer,
num poema contínuo
pode acontecer a qualquer momento
e por qualquer motivo

Quem sabe numa taça de vinho
Ou ainda numa troca de cheiros
e de sabores...
de um beijo
ou milk-shake
Num fim de tarde
de domingo...

Em minha versão vienense

De (e em) tudo
o que quero...
Há um poema
contínuo...

E um prazer
constante...

Que se pode traduzir num viver
Inteiro
E intenso...

(Com você...)!

Minha versão de hoje... Em Viena...

(Adriana Luz)

Thursday, March 22, 2007

Mal do meu século


Quatro horas da manhã. Mais uma vez estou embalando o amanhecer... Este recém-nascido que exige de mim toda a atenção, todos os dias, no mesmo horário... as mesmas necessidades, os mesmos motivos de choro ou dor.
Eu tento descobrir a razão de tanta agonia... em vão... e todas as vezes prometo a mim mesma que no dia seguinte, resolverei o seu problema...
Mas o amanhã chega, e ele adormece, enquanto o mundo acontece.

E eu me envolvo com o mundo, mergulho em seus acontecimentos
E me esqueço da promessa que havia feito a mim mesma

Vagamente me vem à lembrança: acho que alguém precisa de mim.
Mas estou ocupada demais para prestar atenção aos meus pensamentos...

E o dia acaba.
E a noite acaba.
E o mundo adormece.
E o recém-nascido me desperta.
E aí me lembro de que eu deveria ter cuidado dele antes de seu despertar...

Agora é tarde, não há ninguém a quem eu possa recorrer
Todos dormem...Menos eu e meu rebento
Lembro-me de uma música... “será que o sono chega se eu fingir que não estou...?”
Finjo ( e fujo)... Mas os recém-nascidos não têm essa noção...
Não aprenderam ainda o que é fuga ou fingimento...
Nem o real, muito menos o poético...
Fazer o quê? Nada me resta... a não ser o continuar embalando...
até que ele se aquiete
e eu possa enfim me juntar ao resto da humanidade (que por ora descansa)...

(Adriana Luz)

Saturday, February 24, 2007

Wednesday, February 21, 2007

Resumo da ópera...


Quarta-feira de cinzas. Carnaval acabou de acabar.

É claro que, nesse ano, houve desfiles de escolas de samba. É claro que houve fantasias. É claro que houve trios elétricos. É claro que houve frevos, axés, sambas-enredo, marchinhas, musas-relâmpago... Enfim... É claro que houve tudo o que sempre houve... todos os anos...

E é claro... Aqui estou... Como em todos os anos... Como todos os brasileiros (ou pelo menos 99% deles)esperando a vida começar.

Sim. Minha vida – em 2007 – começa, de verdade, amanhã.

Antes disso, foi tudo preparação. Tudo ensaio. Agora é que vou entrar "na avenida" mesmo.
Isso é que é o pior...

Não basta apenas desfilar. Tenho de ter o melhor carro, a melhor alegoria, o melhor samba-enredo, a melhor fantasia... Porque isso é o que pesa, realmente...

E sabe de uma coisa?

Todos os anos desfilo com minha alegoria aos pedaços, em partes... E olha que mesmo em partes, às vezes ela até faz sucesso... E, muitas vezes, as pessoas (ou foliões, se preferir) nem percebem...

Mas eu sei que sempre está faltando um pedaço... E por isso me sinto assim.. arrastando um trio, um carro alegórico.. enorme, cheio de coisas que chamam a atenção... as pessoas vibrando... e eu carregando, morrendo de medo que percebam as falhas das engrenagens... E, morrendo de medo que, por causa dessas falhas, meu carro simplesmente pare, em plena avenida... e me exponha assim, em meio às multidões...
E, assim, a la flinststones, coloco toda as forças em mim... e empurro esse carro, com os pés descalços...

Bom... assim é que me sinto quando o carnaval vem e quando ele se vai...
E esse é o resumo do meu ensaio para 2007, e poderia ser o resumo do meu ensaio para 2006, 2005, 2004... Ou, quem sabe, o resumo do meu ensaio para a era jurássica... Não importa a época. Sempre foi assim...
As mesmas situações, as mesmas dores, as mesmas ansiedades... as mesmas caras, os mesmos bancos, as mesmas flores, os mesmos jardins... E tudo é sempre igual..

E, na verdade, eu nem queria falar sobre o carnaval...
Queria falar sobre minhas férias... sobre meu aniversário comemorado no Paraná...
Queria falar sobre alguns momentos importantes nessa última viagem que fiz à minha terra...

Mas não sei... Não falei no momento em que ocorreram.. Deixei passar... E aí, passou a inspiração...

O Carnaval chegou.. O Carnaval passou... E a Quarta-feira de cinzas acinzentou.... Literalmente.

Dia chuvoso, céu nublado, vento frio. Tudo cinza, tudo sem graça.
Assim como em tantas quartas-feiras de tantos Carnavais...

(Adriana Luz – 21 de fevereiro de 2007)

Thursday, February 08, 2007

Rascunhos...

Vontade de querer escrever...

Mas perdi o querer da vontade...


(Adriana Luz - madrugada de 09 de fevereiro de 2007)

Monday, January 22, 2007

Uma capricorniana...

E aqui estou... Pensei em escrever sobre janeiro, sobre meu aniversário, sobre minhas férias... Mas resolvi que só o farei, no final deste mês...quando fevereiro estiver prestes a dar as caras e meu estado depressivo aumentar por causa da proximidade de coisas e coisas as quais agora não quero nem mencionar...

Por ora, vamos a um texto que achei num site do Uol... Normalmente não ligo pra essas coisas de signo.. Mas não é que desta vez, cheguei (quase) a acreditar que esse texto realmente foi escrito pra mim??? ..rs...

Bom, excetuando-se um ou outro item, aqui está o texto para quem quiser saber sobre uma capricorniana...(passei para o feminino, claro..rs)

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Uma capricorniana...


Capricornianas adoram música. De todo tipo, desde rock, o que já demonstra ser um Capricórnio moderninho, até óperas e concertos de música clássica. Aí sim elas se permitem emocionar e até chorar. Chegadas a uma boa mesa, nunca vão dispensar um bom restaurante. Como têm um ótimo paladar... apreciam a boa comida e os bons vinhos, mas nada de muita novidade.

Nada como um bom vinho italiano, a comida francesa e as sobremesas alemãs. Passeios a museus e feiras de antiguidades são excelentes e ela sempre saberá falar sobre alguma obra de arte ou uma peça antiga, mesmo que seja para dizer que na casa de sua avó havia um igual. E nem se preocupe com a conta. Não.. ela não paga a conta toda não. Vai dividir a conta, mas cada um vai ter que pagar o que comeu. Sem essa de dividir tudo igual...

Para deixar Capricórnio à beira de um ataque de nervos:

• Marque um encontro com uma semana de antecedência e ligue duas horas depois dizendo que não vai
• Deixe todas as lâmpadas da casa acesas
• Diga que ela sempre chega atrasada
• Quando ela chegar, olhe no relógio
• Saia com ela e faça escândalos

A casa de uma capricorniana:

Uma casa construída para durar e resistir ao tempo. Assim será a casa do Capricorniano...

Marque hora para ir à sua casa. Ela prefere saber quem e quando irá visitá-la para deixar tudo em ordem, desde a arrumação da casa até como vai recebê-lo.

Os móveis tenderão ao clássico, ou então com linhas que não sejam modismos da época para que sempre estejam na moda. Mobília prática e descompromissada, refletindo seu caráter conservador e um tanto estéril.

Apaixonada por música, terá um ótimo aparelho de som e muitos cd’s, e muitos clássicos entre eles.


Livros... (vários).

É na cozinha que você verá seu senso organizacional. Tudo arrumado e planejado, com todos os objetos e aparelhos necessários para fazer seus pratos prediletos.

Em toda a casa o piso será de fácil limpeza, assim como as paredes que terão cores neutras...

Ela receberá você muito bem, principalmente se for um velho amigo ou fizer parte da família.

Aliás, se você foi convidado, ela já o considera da família.

Nas viagens:

São muito prevenidas essas capricornianas. Podem levar roupas para todas as estações e alguns remédios para picadas de insetos venenosos, mesmo que tenham programado uma viagem para Paris (...e lá não tem insetos?, ora). Não dispensarão os objetos necessários a uma boa estada num local distante. Toalhas, sabonetes e cobertores (... e se no hotel não tiver, ora). A mala terá um local reservado para seus chinelos e seu pijama favorito, que o acompanharão em todos os locais. Sempre levando uma bagagem de mão, lá estará seus remédios, pasta de dente e escova (cremes e maquiagens) que também sempre a acompanham.

Se você pretende fazer uma viagem cheia de aventuras e conhecer lugares nunca antes conhecidos, e levar uma capricorniana, vai ter que escutar muito ela dizer : ... não disse que aqui não tinha água limpa...viu que praia cheia de sujeira... não falei pra você pegar o boné... Bem que eu te avisei. Mas são ótimas companhias de viagem, e sempre estão conversando e batendo um bom papo, contando seus “causos” e protegendo você das dificuldades...

Quanto ao trabalho..

Cartão de ponto na mão, carteira de trabalho na outra e as tarefas debaixo do braço. Pronto para trabalhar ? Prepare-se para um dia com os minutos contados. Pontual e precisa como um relógio suíço, você vai ter que correr muito para cumprir as metas que ela estabelece para si e seus companheiros de trabalho.

Sempre preocupada em realizar as tarefas antes do prazo e com muita perfeição, teme cometer erros e atrasar. Consegue fazer muita coisa, e tem muitas habilidades.

Sempre preparada para cumprir metas, não se permite descanso enquanto não tiver terminado uma tarefa. Você nunca vai conseguir pegar no seu pé, pois ela nunca deixa falhas para alguém reclamar. Mas se por um acaso, bem remoto, isso acontecer, escolha muito bem as palavras... Ela escutará aquilo como uma condenação e se punirá e se penitenciará sentindo a maior vergonha do mundo, e durante dias ainda escutará o eco de sua voz dizendo “... você esqueceu...ceu...ceu...”.

Se não quiser ter uma funcionária arrasada a ponto de cometer suicídio, nunca a chame de irresponsável. Ela ficará completamente alucinada, e escutará para sempre aquele eco na sua cabeça : “irresponsável...ável...ável...”, mesmo que você só tenha perguntado as horas no momento em que ele chegou.


No amor...

Ah... capricornianas. Tão sensuais, mas tão tímidas. O contato com a sexualidade é feito bem lentamente, com cautela e cuidado. Amantes sempre prontos a aprender, quando sentem desejo por alguém sabem se aproximar, mas no contato íntimo podem vacilar e conter seu desejo imenso de sentir o prazer...

E como gostam das preliminares, como se estivessem sempre adiando o momento do clímax, às vezes por timidez, outras por insegurança, mas curtindo muito esses momentos. Exigentes que são, quando chegam ao momento do prazer total querem usufruir de toda a intensidade do amor, tendo certeza do que realmente quer e satisfazendo a si e ao parceiro.

Capricornianos são capricornianos até quando preparam o ambiente para o amor. Discretas, gostam de tranqüilidade, pouca luz e um ambiente sem muita sofisticação. Se o parceiro quiser, tudo bem... ela até vai curtir. Adoram fazer uma arte, mas só de vez em quando.


...o que ela mais preza na vida é sua integridade, fazendo o possível para não sair da linha. Com muita classe, ninguém verá uma capricorniana desarrumada, a não ser quando está em casa.

O que favorece muito a capricorniana é que ela não envelhece tão cedo. Sempre tem a mesma aparência. Quando mais jovem até aparenta serem mais velhas, mas com o passar dos anos os outros envelhecem e elas permanecem iguais, claro com algumas marcas do tempo, mas poucas.

Muito precavida, sempre estará procurando uma forma de manter-se financeiramente independente, trabalhando ou juntando algum dinheiro. Muito fiel, espera um homem que corresponda às suas necessidades e que não cobre responsabilidades : ela sabe quais são suas obrigações. Com forte personalidade, sabe seduzir e trazer para si o homem que escolheu para compartilhar o caminho da realização pessoal, profissional e social