Tuesday, September 19, 2006

Lágrimas roliças...

Eu queria falar sobre as borboletas... Mas não sou dona de minhas palavras... Elas que me comandam... Portanto, hoje, o tema será outro... Qualquer dia, falo sobre borboletas, flores, primavera...

Bom...

Hoje li uma matéria sobre a separação de Débora Bloch e o marido, um francês com quem ela esteve casada por uns bons anos... Engraçado... Quando terminei de ler a matéria fiquei assim: “nossa, coitadinha”, “puxa”, “que pena”...

Depois de muitos “ohhhhhhssssss” e “puxas” internamente e sentimentalmente exclamados, acordei do êxtase. E dei de cara com as provas que tenho de elaborar e corrigir, além das aulas que tenho de preparar para amanhã...

E aí, a lucidez: “o que eu tenho a ver com a vida da Débora Bloch?” “ Só me faltava agora passar o dia pensando no casamento desfeito de uma atriz”....

E tratei de cuidar da minha vida...

Agora, horas mais tarde, voltei a pensar no assunto... É, eu tenho essas coisas... Mas nem é por causa da atriz.

Na realidade, eu tenho muita pena quando os relacionamentos se desfazem. Tenho isso desde criança....

Uma vez, por exemplo, uma das minhas tias terminou o namoro de somente dois ou três meses. E eu caí no choro quando soube. Mas, antes desse episódio, ela havia terminado com outro rapaz, um namoro de quase um ano, com direito a noivado e tudo. E, claro, chorei convulsivamente.

(Túnel do tempo...)

Ela chegou em casa, toda revoltada. Me chamou e disse: “Dri, quero que você vá à casa de Fulano e entregue isso à mãe dele. Mas não venha embora antes que ela abra o presente e Fulano veja o presente que mandei à Dona Fulana.”

E lá fui eu, balançando aquela caixinha com laçarote vermelho, achando a coisa mais linda do mundo...

Mesmo percebendo nas conversas em casa que aquilo se tratava de algo estranho, eu preferia acreditar que se tratava de um presente mesmo... E lembro-me que fui andando, pelo meu caminho pollyana de ser (que, aliás, acompanha-me até hoje), imaginando sei lá o quê... E, quando cheguei à casa da mãe do rapaz, entreguei a caixinha, e esperei, sorridentemente, que a mulher abrisse o pacote ...

Quando ela desfez o laçarote da caixinha...Ohhhhhhhhh!!!! Eu não queria acreditar na cena!!!!!!!

Era a aliança de noivado de minha tia com o filho da coitada... E havia um bilhete... Mas não me lembro exatamente do conteúdo... Só me lembro que era algo ríspido... E me lembro da cena... A mulher estática. E eu também.

Pensei, internamente: “como eu fui compactuar com uma coisa dessa?”.

E fiquei a tarde toda lá, na casa da mulher. Um pouco porque eu tinha de cumprir a ordem de minha tia, um pouco porque eu estava curiosa com o desenrolar da cena, e um pouco porque eu estava morrendo de pena do rapaz, ex-candidato a meu tio, que ainda não tinha chegado do trabalho. Eu ficava pensando: “imagina quando ele chegar e souber?”

E meu coração sangrava...Quando ele chegou, mais sangramento para o meu coração, porque, pasme o leitor, ele chorou. Ohhhhhhhhhhhhhhh! Minha tia era uma “carrasca”.

(Final do túnel... )

Caso alguém queira saber do desfecho da história... Depois de muitas voltas, eles (minha tia e o candidato a tio) se casaram. E estão juntos até hoje... O amor é lindo.. ai ai..

Bom. E esses episódios não foram os únicos. Eu tenho várias tias, irmãs de minha mãe. E, na época em que elas namoravam, eu me envolvia tanto com a situação delas que, quando havia uma briga (não precisava nem ser término de namoro), lá estava eu, debulhando-me em lágrimas solitárias. Acho que nunca contei isso a ninguém. Acho não, tenho certeza. Estou contando agora, em segredo, ao meu blog quase anônimo...

Há uma outra história também, de outra tia que terminou o noivado às vésperas do casamento... E esse término pareceu quase um funeral. E foi ele (o noivo) quem terminou tudo.

Eu me lembro até hoje dessa minha tia, vestida de preto, indo ao fotógrafo, tirar uma foto 3X4 para um documento, pois ela iria mudar de cidade, de estado... Acho que, se pudesse, ela mudaria de país, de planeta... E eu a acompanhei ao fotógrafo, com meu coração em caquinhos, sentindo tudo o que ela sentia naquele momento...

Bem, mas outra hora escrevo sobre isso...

Pois é... E hoje, cá estou eu, “sentimentalizando-me” com a história da Débora Bloch..

Ô, meu pai, por que não me deu um coração mais magrinho?? Daqueles bem sequinhos, onde só cabem pouquíssimas pessoas, histórias ou fatos??? Por que não me fez como Drummond, com um coração onde não cabem nem suas próprias dores???

Não!!!!!!!! Eu tinha de ter esse coração enorme, com vaga pra todo mundo, e com direito a garagem e playground??? Agora, tenho de ficar o tempo todo tentando provar que meu coração não passa de uma quitinete...

O problema é que nem sempre consigo convencer as pessoas.. E estas vão se achegando.. E vão se espaçando...

Preciso “me mudar”...

Ai ai... Alguém aí tem uma quitinete pra alugar??

(Adriana Luz - 20 de setembro de 2006)

1 comment:

Amanda Luz said...

Oi! Vc ficou fazendo o que, na casa da mulher, durante a tarde???

Dps eu quero saber quais sao essas tias, hehe.

bjo.